terça-feira, 24 de agosto de 2010

Estudos Pré-Clínicos

Visões críticas e propostas para a evolução do setor no Brasil.

Painel moderado por Henry Suzuki, do IPD-Farma e com os seguintes palestrantes:
Marcio de Paula, da Biolab, Regina Scivolleto, da Cristália e Evelyne Polack da Biogen Idec.

24 comentários:

  1. Nota do Moderador

    Participaram dessa mesa redonda profissionais com notório conhecimento sobre o setor de estudos pré-clínicos, que atuam em indústrias farmacêuticas inovadoras no Brasil e no exterior. Os palestrantes trouxeram suas visões críticas sobre o segmento de prestação de serviços pré-clínicos, apontaram pontos de melhorias e apresentaram sugestões de ordem prática para a evolução do setor no Brasil.

    Foram abordados temas como a importância da diferenciação das etapas de “Pesquisa e Descoberta” e de “Desenvolvimento Pré-Clínico Regulatório”, a necessidade do mapeamento de competências, da formação de recursos humanos, do aprimoramento da cadeia de suprimentos e infraestrutura, bem como da estruturação de sistemas de certificação e controle de qualidade. Também foi abordada a importância estratégica da harmonização com padrões internacionais e o mapeamento de competências no país, objetivando a consolidação de empresas que possam atender não só o mercado brasileiro, mas também o global.

    Ao final da sessão foi aberto debate com a platéia, objetivando o delineamento de propostas a serem trabalhadas pelo IPD-Farma entre atores do meio industrial, regulatório, científico e tecnológico no país.

    Entre aspectos de ordem prática consensualmente apoiados pelos palestrantes e pela platéia, podem ser destacados:

    - A importância da adoção, no Brasil, de guias para realização de estudos pré-clínicos harmonizados com padrões internacionais (notadamente ICH e OCDE) em detrimento à criação de guias locais.

    - A importância do financiamento governamental de iniciativas que visem à qualificação e certificação internacional de profissionais, de empresas prestadoras de serviços, bem como de toda a cadeia de suprimento de animais e insumos necessários à realização de estudos pré-clínicos.

    Em breve serão postados no blog do ENIFarMed respostas dos palestrantes sobre as três questões que foram a eles direcionadas:

    1. Como você vê o segmento de Prestação de Serviços Pré-clínicos no Brasil?

    2. Na sua opinião, o que precisa ser melhorado e qual a importância dessas melhorias para a inovação farmacêutica no país?

    3. Quais seriam possíveis alternativas para viabilizar tais melhorias?


    Os participantes da sessão e os leitores do Blog do ENIFarMed são amplamente encorajados a postar suas opiniões sobre essas questões e sobre os demais pontos discutidos na mesa redonda.

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  2. Luiz Carlos de Sá-Rocha25 de agosto de 2010 às 03:10

    Gostaria de parabenizar a organização do ENIFarMed pela mesa de "Estudos pré-clínicos" e também aos participantes desta mesa pelas suas contribuições. O setor de serviços e estudos pré-clínicos (sejam estudos de eficiência e/ou segurança) vem crescendo nos últimos anos e creio que o Brasil será, em breve, um "player" internacional importante, além de suprir o mercado interno de inovação farmacêutica com qualidade e agilidade. É preciso que iniciativas de prestadores de serviços nesta área sejam apoiadas pelas agências de fomento e que o marco regulatório continue evoluíndo. A certificação dos laboratórios existentes, melhorias de infra-estrutura, compra de equipamentos e insumos e formação de recursos humanos no setor também são importantes atividades a serem fomentadas. Porém, é preciso investir desde já em conhecimento e experiência prática nesta área pois apenas seguir Guias Nacionais e/ou Internacionais não capacita ninguém a interpretar e analisar os resultados obtidos. Laboratórios de Estudos Pré-Clínicos são antes de mais nada, PARCEIROS no desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos e não "fazedores de bolos" que seguem "receitas" pré estabelecidas, consagradas em outras cozinhas. É preciso ter visão crítica na análise dos resultados. Isto exige conhecimento profundo e larga experiência prática. A capacitação internacional de pelo menos 3 ou 4 laboratórios de estudos pré-clínicos brasileiros nos próximos 3 ou 5 anos será, ao meu ver, um bom indicador do desenvolvimento da inovação faramacêutica no Brasil. Eles deixarão de ser "gargalo" para serem "indicadores de inovação",algo muito mais importante e fundamental para a inovação no Brasil do que simplismente "confeitar bem bolos". Parabéns ENIFarMed e palestrantes!

    Luiz Carlos de Sá-Rocha / Departamento de Patologia / FMVZ / USP

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  3. Postado pelo Moderador a pedido do Prof. Odorico Moraes (UFC)

    "A experiência internacional mostra que a cadeia de inovação na indústria farmacêutica depende de um marco regulatório eficiente para adquirir credibilidade. Nesse sentido, o FDA criou uma série de “guidelines” para normatizar os testes pré-clínicos que foram acatados por vários países do mundo inteiro. A ANVISA tentou disponibilizar um marco regulatório para testes toxicológicos prÉ-clínicos que deveria conciliar as aspirações inovadoras da indústria farmacêutica nacional com as necessidades de fiscalização e controle da agência. Entretanto, a existência na legislação brasileira de pontos conflitantes com uma legislação já referendada internacionalmente poderá dificultar uma possí¬vel inserção internacional de produtos inovadores da indústria farmacêutica brasileira. Portanto, o mais sensato seria utilizar os “guidelines” já estandardizados e aceitos internacionalmente, desde que, a agência regulatória brasileira aceite os referidos testes que já são requeridos para registro dos diferentes grupos de fármacos. Nesse caso, É imperioso que os técnicos que analisarão os processos dos novos fármacos que pleiteiam ingressar nos estudos clínicos tenham o discernimento necessário para aceitar ou recusar os testes apresentados."

    Prof. Odorico Moraes

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  4. Primeiramente gostaria de parabenizar os organizadores do ENFARMED que nos permitiu uma exelente orientação do panorama do setor farmacêutico no Brasil.
    Em particular para as empresas prestadoras de ensaios pré-clínicos no Brasil será de extrema importância que a certificação dos laboratórios seja baseada nas normas internacionais, para os ensaios pré-clínicos, em um trabalho junto à ANVISA. Isso seria muito importante para que nossos laboratórios de ensaios pré-clínicos possam realmente participar com transparência e compromisso na área de INOVAÇÃO DE FÁRMACOS no Brasil.
    Outro ponto importante para empresas prestadoras de serviço na área de farmacologia pré-clínica é um maior número de opções para a aquisição de animias de qualidade no Brasil através de incentivo governamental para a adequação de biotérios de criação.
    Parabéns pelo evento!
    Maira Cola
    Diretora Comercial
    TRIAL PHARMA- ensaios pré-clínicos

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  5. Dos temas abordados no ENIFARMED o que mais nos preocupa é em relação a não certificação de laboratórios de ensaios pré-clínicos baseado nas normas internacionais para estes ensaios.
    A TRIAL PHARMA prestadora de serviços
    na área de ensaios pré-clínicos gostaria de solicitar junto à ANIVA através dos debatedores do ENIFARMED a implantaão e reconhecimento no Brasil da cerificação de labarotórios de ensaios pré-clínicos baseado na normas vigentes internacionais.

    Parabéns pelo evento!

    Lucas Copelli
    Diretor
    TRIAL PHARMA

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  6. Respostas da palestrante Evelyne Polack (Biogen IDEC) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    1. Como você vê o segmento de prestaçã de serviços pré-clínicos no Brasil?

    Sob a perspectiva de quem se capacitou e vem trabalhando na área pré-clínica no exterior, e nos últimos anos vem acompanhando e buscando conhecer a situação dessa área no Brasil, minha atual visão é de que qualquer melhoramento nesse setor representa acima de tudo e a curto-prazo uma condição necessária ao fortalecimento e consolidação da indústria e inovação farmacêutica nacional. Eventualmente, o fortalecimento do setor pode representar também uma oportunidade de competir com outros países em desenvolvimento, como China e India e países do leste europeu, como prestador de serviços ao mercado internacional.
    Quanto a oportunidade de prestação internacional de serviços, nesses últimos anos houve uma mudança radical na demanda e oferta de atividades pré-clínicas, sobretudo em consequência de crise economica mundial. No entanto, assim com a economia, a terceirização pré-clínica tem sido tradicionalmente uma atividade cíclica e, embora mais longa do que esperado, a crise passará e a economia se recuperará e, com o retorno da demanda, também a valorização da oferta desses serviços.
    Assim, talvez essa crise internacional na economia e no setor possa ser vista como uma oportunidade providencial para o Brasil investir no desenvolvimento e fortalecimento gradual e sólido da área pré-clínica, não só em apoio à expansão da indústria nacional como tambem em antecipação ao retorno da demanda internacional.

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  7. Respostas da palestrante Evelyne Polack (Biogen IDEC) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    Na sua opiniào, o que precisa ser melhorado e qual a importância dessas melhorias para a inovação farmacêutica no país?

    Seja sob o ponto de vista de prestação de serviço pré-clínico interno ou externo, estes são alguns dos fatores que devem ser considerados:
    - Planejamento e estratégia de gestão do setor pré-clínico em harmonia com as diretrizes do setor farmacêutico como um todo, particularmente P&D.
    - Suprimento regular, se possível com mais de um fornecedor, de animais experimentais (particularmente roedores, cães e primatas) de qualidade genética e sanitária são criticos para qualquer organização de pesquisa e, sobretudo, em atividades pré-clínicas. Atrasos na obtenção de animais (limitação na oferta, surtos de doenças) podem representar um fator limitante na implementação de um estudo pré-clínico, com atrasos e impacto significativos no programa geral de desenvolvimento.
    - Número adequado de pessoal qualificado, incluindo cientistas, técnicos e pessoal de apoio legal, financeiro e operacional (gerência de projetos, recrutamento, seleção, contratação, treinamento, administração, limpeza, etc).
    - Infraestrutura otimizada incluindo instalações físicas adequadas a cada atividade específica, processos eficientes de comunicação e operação, plano de treinamento de pessoal, suprimentos, uniformes, equipamentos, etc.
    - Harmonização e conformidade com os padrões regulatórios e patentários nacionais e internacionais aplicáveis (Inmetro, ANVISA, Concea e GLP, ICH, AAALAC, respectivamente), e capacitação de unidades internas de controle e avaliação de qualidade
    - Qualidade e agilidade dos serviços prestados.
    - Custo competitivo sem detrimento da qualidade dos serviços e dos padrões regulatórios.
    A estruturação, ainda que gradual e progressiva, do setor pré-clínico brasileiro em conformidade com padrões internacionais favorecerá inicialmente a expansão e fortalecimento da indústria farrmacêutica interna, abrindo futuramente inclusive portas à comercialização externa. E, à medida que a economia mundial se restabeleça, crescerão também oportunidades de prestação de serviços pré-clínicos a empresas internacionais. Embora China, India e o leste europeu tenham saído a frente na prestação de serviços, além do escrutínio e cautela por parte dos clientes enfrentados por qualquer nova empresa nessa área, e das recentes mudanças na oferta e procura devido a crise econômica, alguns fatores têm representado obstáculos na consolidação desses países no mercado de serviços pré-clínicos: diferenças culturais e de linguagem, questões de qualidade científica, operacional e de controle e avaliação de qualidade, conformidade com padrões regulatórios internacionais, dificuldades de comunicação e monitoramento devido a distância geográfica e substancial diferença de fuso horário, estabilidade política, econômica e social, e política de propriedade intelectual.

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  8. Respostas da palestrante Evelyne Polack (Biogen IDEC) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    3. Quais seriam possíveis alternativas para viabilizar tais melhorias?
    A despeito da grande pressão para a reducão de custos, isso não pode de forma alguma comprometer a qualidade técnica e regulatória que deve sempre prevalecer para assegurar o objetivo maior que é a segurança humana. Questões de custo não devem tampouco comprometer a qualidade genética e sanitária, ou o uso racional e o bem-estar dos animais experimentais.
    A fase de descoberta e exploração pré-clínica (in silico, in vitro, in vivo), visando caracterizar a molécula candidata e detectar evidências preliminares de eficácia e/ou toxicidade, embora deva seguir as boas práticas cientificas, geralmente nao está sujeita às normas regulatórias de BPL e, assim, poderá continuar sendo desenvolvida em universidades, centros de pesquisa ou em empresas que tenham tal capacidade. Uma vez comprovado o conceito ou princípio, sem evidência de toxicidade limitante durante a fase exploratória, os testes pré-clínicos regulatórios seriam então terceirizados, com vistas a apoiar os ensaios clínicos.
    Nesse estágio, tendo em vista as atuais condições e limitações do setor pré-clínico brasileiro, pelos menos dois cenários se apresentam:
    - Um investimento substancial na infraetrutura pré-clínica integral, ou seja, desde a pesquisa até a petição de registro e comercialização (NDA). Em principio, esta alternativa nao seria sustentada somente pela demanda interna que, embora em expansão, ainda é limitada e insipiente. Portanto, um investimento desse porte (público ou privado, talvez atraves da atração de uma CRO de reputacao internacional) teria que ser inicialmente sustentado por uma demanda pré-clínica internacional. Empresas nacionais que presentemente devem contratar estudos pré-clínicos regulatorios no exterior ao custo de moeda estrangeira e em situacao de cambio desfavoravel seriam tambem favorecidas. O impacto da atual desaceleração internacional do setor em decorrência da crise e da reestruturação economica global, no entanto, torna atualmente esta alternativa menos viável.
    - Um cenário alternativo consideraria apoiar em princípio a demanda atual e a expansão do mercado nacional. Essa alternativa concentraria inicialmente o investimento (público ou privado) na implementação progressiva, sólida e estruturada, das diversas funções integrantes da fase pré-clínica geral (química medicinal, genotoxicidade in vitro, quimica analítica/bioanalítica; fármaco/toxicocinética, farmacologia de segurança, estudos toxicológicos agudos/subagudos), em apoio à petição de registro de Nova Droga Investigativa (IND) com vistas a Fase I em humanos (“Modelo q.s.p.”). Quanto mais próxima da Fase I, as moléculas candidatas vão se valorizando e poderiam ser vendidas ou licenciadas, e esses recursos poderiam retro-fomentar o setor e financiar a infraestrutura necessária às fases pré-clínicas subsequentes (estudos subcrônicos/crônicos, reprodutivos, carcinogênese, toxicologia especial, ADME mais avançada). Adicionalmente, os beneficios da expansào e aprimoramento dos serviços pré-clínicos seriam compartilhados com outros setores, como o agroquímico, alimentício, genéricos, e de monitoramento ambiental.

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  9. Respostas do palestrante Marcio de Paula (Biolab) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    Terminologia

    A minha primeira colocação sobre terminologia tem a ver com a confusão feita pela academia, indústria e governo (incluindo ANVISA) sobre o tema.
    A divisão de etapas é clássica e as demandas de cada uma delas é bem distinta. Quando ouvimos agentes de governo falar sobre ações para pré-clínicos, por não haver uma definição clara das etapas, muitos dos fundos são gastos sem foco, orientação ou direcionamento para o mercado. Percebam que alguns milhões estão sendo distribuídos para atividades “pré-clínicas” sem que se saiba exatamente o que vai ser feito com o dinheiro. Precisamos eslcarecer o público sobre a diferença tácita entre as etapas de “Descoberta de drogas” e “Desenvolvimento Pré-clínico” para direcionar ações governamentais, entre outras.

    De maneira bem didática, separaríamos as etapas da seguinte maneira (classicamente). Algumas variações se aplicam para biofármacos, fitoterápicos, entre outros:

    a) Descoberta
    Conceito, mecanismo, atividades de “screening”; identificação, desenho e aprimoramento de moléculas; produção de moléculas de back up; identificação e otimização de molécula líder. Pode-se incluir estudos de prova de princípio em animais, eficácia e segurança (preliminar);

    b) Desenvolvimento Pré-clínico
    Inicia-se quando a molécula pretendida para a etapa clínica é identificada. Inclui ensaios de genotoxicidade, toxicidade geral (aguda, sub-aguda) e especiais, como reprodutiva, crônica além de carcinogenicidade e ensaios de segurança farmacológica – cardiovascular, sistema nervoso central e respiratório.

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  10. Respostas do palestrante Marcio de Paula (Biolab) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    1. Como você vê o segmento de Prestação de Serviços Pré-clínicos no Brasil?

    a) Descoberta
    A etapa de descoberta é uma etapa que envolve muita ciência, é exatamente a letra “P” que define P&D, ou seja, pesquisa básica e aplicada. Portanto, tal fase pode se beneficiar da capacidade instalada na expertise da academia brasileira. Há, por exemplo, condições excelentes em pesquisas na área de dor e inflamação, câncer, nanodispositivos, anticorpos monoclonais, química medicinal, entre outras.

    Os números são muito favoráveis quando falamos de ciência no Brasil. De acordo com dados do “Plano para C&T&I em São Paulo” (2010) houve um sensível e constante aumento no:
    - dispêndio total em P&D nas empresas à partir do início da década;
    - número de pesquisadores dedicados em tempo integral, desde 2000, em instituições de ensino e pesquisa;
    - número de vagas oferecidas em cursos de graduação e pós graduação;
    - número de publicações científicas brasileiras .
    O cenário para a ciência brasileira é promissor, avançando sobre os conhecidos gargalos e produzindo conhecimento do mais alto nível. Entretanto, tal conhecimento não se transforma em produtos e serviços disponíveis à população.

    Como principais dificuldades, pontuo:
    - A falta de diálogo entre academia e setor produtivo;
    - Os núcleos de inovação tecnológica ainda não falam a língua e não possuem a agilidade requerida pelo setor produtivo;
    - Baixo interesse em proteção intelectual (pelos pesquisadores) frente ao atrativo das publicações;
    - Desconhecimento da possibilidade e de caminhos de interação com a indústria;
    - Falta de agilidade na celebração de contratos de prestação de serviços e parcerias com o setor produtivo;
    - Falta da cultura e disponibilidade de capital de risco – Derivação de spin offs;
    - Pouco estímulo, ou melhor, desestímulo para a pesquisa de ativos de biodiversidade (Situação nebulosa CGEN).

    Em conclusão, há um grande potencial científico no Brasil, pouco convertido em benefício da população por intermédio do setor produtivo. Há uma capacidade científica instalada excelente, sendo que ainda não há uma “profissionalização” na oferta de “serviços científicos” ou “parcerias em pesquisa” com o setor privado para o desenvolvimento de novos fármacos. Situação esta, diferente da presente nos países desenvolvidos, onde há uma oferta por serviços de “descoberta” de alta qualidade, em instituições públicas e privadas.

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  11. Continuação


    b) Desenvolvimento Pré-clínico
    Para essa etapa, necessita-se, em grande parte, de bons laboratórios (infraestrutura adequada), bons modelos animais (qualidade genética e sanitária), equipamentos apropriados (equipamentos de telemetria, bombas osmóticas, câmaras de inalação, entre outros), certificação em Boas Práticas de Laboratório (ensaios principais) e/ou outras certificações compulsórias/voluntárias além de mão-de-obra experiente e qualificada. Pelas características e, ao meu ver, deve ser resultado de investimentos da e na iniciativa privada.

    - Infraestrutura – Há poucos laboratórios no Brasil habilitados a realizar ensaios pré-clínicos. Como a regulação de novos medicamentos é incipiente no Brasil, há espaço para laboratórios locais produzirem ensaios para registro no Brasil. Algumas experiências recentes remetem, principalmente, a ensaios com fitoterápicos. Apesar de algumas empresas afirmarem terem desenvolvido todos os ensaios de um novo medicamento no Brasil, na realidade, os ensaios mais importantes são realizados no exterior.
    Dentre os poucos laboratórios de serviço existentes, a infra-estrutura instalada ainda deixa a desejar em parte deles. Há, instalado no Brasil, o maior laboratório de toxicologia animal da América Latina, portanto, com investimentos certos há possibilidade de desenvolvimento da cadeia de ensaios.

    - Modelos Animais – É uma questão dúbia. Há bons modelos animais em pesquisa no Brasil, no entanto, a grande maioria dos animais utilizados em pesquisa no Brasil carecem de monitorização de seu status sanitário e genético. Na extensa maioria dos biotérios existentes, os animais possuem padrão sanitário convencional (não controlado), o que pode dificultar a realização de ensaios de longa duração e mais refinados. Com relação a modelos transgênicos, não há disponibilidade de modelos como o “p53”, “Tg.rasH2” ou “tg.AC” para ensaios de carcinogenicidade de curto prazo. Inexiste também no Brasil, laboratório de desenvolvimento pré-clínico que realize ensaios com primatas, por exemplo.

    Há uma extensa discussão sobre investimentos em biotérios no Brasil, que sempre são realizados de forma isolada e sem uma preocupação com a formação da cadeia de desenvolvimento de novos produtos. Sem sustentabilidade alguns biotérios vivem nostalgicamente propagando os bons tempos do passado, não refletindo a baixa qualidade atual de seus modelos.

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  12. Continuação


    - Equipamentos – Os laboratórios nacionais, desenvolvidos em função da regulação de agroquímicos, não estão aptos a realizar ensaios de segurança farmacológica, por exemplo, nem mesmo ensaios em que se exijam monitorização por telemetria ou mesmo que necessitem de implantação de bomba osmótica para infusão contínua. Raros são os laboratórios com capacidade instalada para realização de ensaios analíticos de farmacocinética ou mesmo de histopatologia. Há ainda dificuldade na realização de ensaios de longo prazo, que requerem ou uma infraestrutura de barreira sanitária robusta ou de equipamentos isoladores para manutenção dos animais.

    - Certificações – Boa parte dos laboratórios nacionais possui certificação em Boas Práticas de Laboratório pelo INMETRO ou mesmo por organismos avaliadores internacionais. Não há porém, laboratório inspecionado pelo FDA, para a exportação de serviços pré-clínicos.
    Com relação ao credenciamento voluntário pelo AAALAC Internacional (Association for Assessment and Accreditation on Laboratory Animal Care) – Recentemente um laboratório brasileiro foi credenciado por este órgão que regula o uso e cuidado com animais de laboratório ao redor do mundo. Trata-se do primeiro laboratório privado credenciado pelo AAALAC na América Latina (o outro é o Centro de Pesquisas Médicas Navais dos EUA baseado no Perú).

    - Mão-de-obra – A meu ver, trata-se do calcanhar de Aquiles da cadeia de ensaios pré-clínicos no Brasil. Apesar dos laboratórios nacionais reivindicarem ampla experiência no desenvolvimento de fármacos, na verdade, muito pouco foi feito ou ainda, muito pouco se sabe do desenvolvimento de medicamentos totalmente inovadores. Ao contrário dos laboratórios de contrato nos países desenvolvidos (CROs) que oferecem assessoria no desenvolvimento do pacote regulatório, quase nada se pode debater da estratégia de desenvolvimento com os laboratórios instalados no Brasil. Falta massa crítica nos laboratórios para garantir um perfeito desenvolvimento dos ensaios, sem que se esbarre em problemas técnicos, falhas de desenho ou de técnica ou mesmo de interpretação de dados. A grande dificuldade desses laboratórios estaria em atrair, treinar e reter profissionais habilitados nas ciências afins ao desenvolvimento pré-clínico ou mesmo de importar mão-de-obra especialidade nas características que determinam o desenvolvimento de novas drogas.

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  13. Respostas do palestrante Marcio de Paula (Biolab) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    2. Na sua opinião, o que precisa ser melhorado e qual a importância dessas melhorias para a inovação farmacêutica no país?
    E
    3. Quais seriam possíveis alternativas (técnicas/econômicas/regulatórias) para viabilizar tais melhorias?

    As necessidades são diferenciadas, visto que, no nosso modelo atual, competiria à academia a etapa de descoberta e, ao meu ver, à iniciativa privada a etapa de Desenvolvimento Pré-clínico:

    a) Descoberta
    - Estruturação dos Núcleos de Inovação Tecnológica para gerar agilidade e diálogo aberto com a indústria;
    - Capacitação tecnológica em áreas de interesse estratégico do governo;
    - Incentivos a programas de pós-doutorado em parceria com a indústria;
    - Incentivos a cooperação internacional;
    - Estímulos à interação público-privadas em pesquisa farmacêutica;
    - Financiamento público direcionado a pesquisas farmacêuticas;
    - Desburocratização de acesso a ativos da biodiversidade brasileira para pesquisa de fármacos;
    - Desburocratização de acesso a insumos e equipamentos importados para P&D;
    - Atração de investimentos internacionais em pesquisa;
    - Criação de Parques tecnológicos e derivação de spin offs;
    - Alteração dos mecanismos de avaliação acadêmico, valorizando os depósitos de patentes;
    - Desoneração para capital de risco.

    b) Desenvolvimento Pré-clínico
    - Incentivo à qualificação privada para o desenvolvimento pré-clínico;
    - Apoio a retenção de doutores e pós doutores na iniciativa privada;
    - Atração de investimentos externos para unidades de P&D no Brasil;
    - Programa de subvenção econômica para capacitação e melhoria de infraestrutura de laboratórios.

    c) Indústria Farmacêutica brasileira
    - Apoio à retenção de recursos humanos qualificados em pesquisa;
    - Estímulo à pesquisa em empresas;
    - Política de governo de fortalecimento da indústria farmacêutica nacional;
    - Programas de subvenção econômica para áreas de interesse estratégico;
    - Política de compras púbicas;
    - Aprimorar o sistema de concessão de patentes no Brasil;
    - Agilizar o marco regulatório de novos fármacos;
    - Incentivo a investimentos em biotecnologia.

    Com tais ações, fortaleceríamos toda a cadeia de desenvolvimento pré-clínico, iniciando no nascedouro de tecnologias, ou seja, a academia, habilitando e capacitando os laboratórios prestadores de serviço a se desenvolverem frente ao mercado nacional e internacional e, por outro lado, garantindo o investimento no setor industrial, fortalecendo estrategicamente o Brasil frente às nações desenvolvidas.

    Obviamente não são pontos de simples resolução e certamente alguns deles já são parcialmente desempenhados por esferas de governo. O necessário é que todos os “jogadores” participem do mesmo objetivo, o de capacitar e projetar o Brasil, dono de uma das maiores biodiversidades do mundo, no desenvolvimento de novos medicamentos, suprindo o mundo de novas tecnologias, como já o faz em algumas áreas estratégicas.

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  14. Nota postada pelo Moderador, a pedido da Profa. Silvia Berlanga (USP):

    Informo aos participante da sessão sobre Estudos Pré-Clínicos do ENIFarMed que já se encontram abertas até 15 de dezembro as inscrições para o IV Latin American Risk Assessment Workshop promovido pela Sociedade Brasileira de Toxicologia e pela International Union of Toxicology.

    O Workshop tem por objetivos oferecer a toxicologistas Latino Americanos oportunidade de ampliar os conhecimentos e experiência em Avaliação do risco toxicológico e entender os processos de avaliação de dados fundamental ao processo de avaliação do risco.

    Informações e ficha de inscrição sse encontram na página http://www.sbtox.org.br/laraw.php

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  15. Respostas da palestrante Regina Scivoleto (Cristália) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    Como você vê o segmento de prestação de serviços pré-clínicos no Brasil?

    Entendo que pré-clínico é toda a fase que antecede a clínica. O pré-clínico para fins práticos é dividida em 2 etapas : 1- etapa de descobrimento e de prova de conceito; 2- etapa de segurança que envolve a segurança farmacológica e a toxicologia.

    A etapa 1 é eminentemente acadêmica, flexível, deverá ser desenvolvida em laboratórios de ponta (em nosso país é realizada nas Universidades e Institutos de Pesquisa), com rigor científico, mas não sob BPL. BPL frequentemente freia a criatividade. Trata-se de uma atividade de pesquisa mas, pode, em algumas circunstâncias constituir-se em prestação de serviço inserido dentro de um projeto de desenvolvimento. A partir da implementação dos cursos de Pós-gradução, o país se desenvolveu muito na área científica tendo atingido nível de excelência em algumas áreas. Isso o habilita plenamente nessa etapa desde que se tenha o mapeamento desses laboratórios caracterizando-os e qualificando-os.

    A etapa 2 caracteriza bem uma prestação de serviço, deve ser conduzida sob BPL e atender as guias preferêncialmente internacionais. Como o país não tem cultura no desenvolvimento de medicamentos, essa etapa atende, atualmente, parcialmente as necessidades para um desenvolvimento completo.


    Na sua opinião, o que precisa ser melhorado e qual a importância dessas melhorias para a inovação farmacêutica no país?

    Animais de qualidade e aumento no número de espécies, fluxo de fornecimento eficaz, formação e contínuo aprimoramento de recursos humanos nas áreas de segurança e toxicologia. Há, no país, poucos profissionais habilitados e estes não estão inseridos num programa de reciclagem permanente. Esses poucos profissionais estão empenhados em atender a demanda atual e dependem de recursos próprios para a sua reciclagem. Basicamente dispõe-se de ratos, camundongos e cães Beagle de qualidade aceitável para os estudos mas, na minha experiência, embora a demanda seja pequena, o atendimento à mesma ainda é lento. A necessidade do uso de outras espécies animais constitui fator complicador. Como a demanda é pequena e como esses grupos dependem, financeiramente, do atendimento a essa demanda e o custo fixo dessas organizações é alto, forma-se um ciclo vicioso que impede a expansão do mesmo. Algumas dessas organizações tem certificações nacionais mas carecem das internacionais. Vejo, a médio prazo, boas perspectivas para a ampliação dos tipos de ensaios mas para a carcinogenicidade não vislumbro solução a não ser a longo prazo. Impõe-se o desenvolvimento de novos modelos de carcinogenicidade de mais fácil execução e menor duração.
    A indústria farmacêutica nacional, e o país como um todo, se beneficiaria muito com a oferta desses serviços no país que seria um estímulo para o engajamento de toda essa indústria no desenvolvimento de novos medicamentos. Nas nossas universidades são criados conhecimentos que possibilitam isso bem como a nossa biodiversidade poderia ser melhor explorada.

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  16. Respostas da palestrante Regina Scivoleto (Cristália) às questões levantadas na sessão de estudos Pré-Clínicos do 4º ENIFarMed


    Quais seriam possíveis alternativas para viabilizar tais melhorias?

    Como foi afirmado acima, a demanda ainda é pequena não só no Brasil com em toda a América do Sul. Os investimentos necessários são altos o que tem desestimulado o interesse de empresas estrangeiras, consolidadas na atividade, a se instalarem em nosso país. Uma alternativa seria atender à demanda internacional competindo em preço com os países desenvolvidos à semelhança do que fizeram a Índia e a China. O Brasil teve uma experiência de sucesso, na área de genéricos, para a implantação de laboratórios de bioequivalência que, em pouco tempo, passou a fazer testes para empresas de outros países . Penso que modelo semelhante poderia ser adotado em segurança e toxicologia. O governo (ANVISA, MS, MCT) devem ser parceiros ativos. Inicialmente fazer um mapeamento das competências tendo-se critérios bem definidos para avaliação de qualidade. Expressivo investimento para a obtenção do salto em qualidade e consolidação. A admissão de que, pelo menos inicialmente, se possa trabalhar na forma de rede. Exemplificando: se há um grupo competente numa região do país em determinados ensaios, esse grupo deverá ser apoiado para garantir a qualidade necessária para sua certificação internacional; idem para outros grupos, competentes em outros ensaios, e assim sucessivamente até que se consiga uma rede que ofereça o estudo completo. Deverá ser garantido o fomento a esses grupos sempre mediante a apresentação de projetos que permitam a avaliação e acompanhamento das atividades pela comunidade.

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  17. Dr. João Lauro V. de Camargo Prof. Titular de Patologia - Faculdade de Medicina - UNESP27 de agosto de 2010 às 07:53

    Prezado Henry,

    Meus parabéns pela mesa redonda - excelente estruturação e palestrantes muito habilitados para a discussão! Tanto durante o evento, como neste blog, foram indicados os "gargalos" da área de pré-clínicos e as recomendações para superá-los. Dentre os atores principais, o setor produtivo e a academia já estão na posição de largada, o primeiro mais que o segundo. A questão, agora, é: como sensibilizar e estabelecer uma parceria sintonizada com o outro setor, senão o mais crítico deles, que é o regulamentador? A questão hoje, me parece, é política, e não mais técnica.

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  18. Profa.Silvia Berlanga de Moraes Barros - Faculdade de Ciências Farmacêuticas USP - São Paulo

    Parabéns aos organizadores do evento.
    O tema da legislação brasileira sobre ensaios pré-clínicos ainda carece de aprofundamento. A intenção da ANVISA em trazer o tema a discussão é louvável. Entretanto, o guia publicado para orientar a realização de ensaios de segurança de novos fármacos pode trazer vários problemas principalmente relacionados as generalidades descritas em várias partes do texto. Conforme alguns comentaristas que me antecederam o uso de protocolos internacionalmente aceitos (que são mencionados genericamente no texto do documento)descritos com detalhes que permitem conduzir adequadamente os estudos, seria mais aconselhável. Além disto, e talvez mais importante, é a formação de recursos humanos na interpretação destes resultados e na avaliação do risco, no sentido de identificar resultados relevantes e fazer uma extrapolação de dados adequados para experimentos de fase I clínica.
    Sem duvida temas como ensaios realizados com BPL, relação universidade/empresa na área de desenvolvimento farmacêutico, entre outros merecem também preocupação e deveriam ser escolhidos entre temas prioritários para encontro de soluções a curto prazo.

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  19. CARLOS TAGLIATI - FACULDADE DE FARMÁCIA - UFMG / IN VITRO CELLS - PESQUISA TOXICOLÓGICA S.A.30 de agosto de 2010 às 07:24

    Primeiramente, gostaria de parabenizar os organizadores do evento e aos participantes da mesa de "Estudos Pré-Clínicos". O conteúdo da discussão deixou muito claro o grande gargalo existente para o desenvolvimento de fármacos no Brasil. O encaminhamento final quanto a adoção de um guia internacional, assim como a necessidade de investimento governamental na estruturação de laboratórios pré-clínicos no Brasil me pareceu bastante oportuna. Tais iniciativas são louváveis e devem ser conduzidas de forma objetiva. Da mesma forma, preocupação similar deve ser considerada ao se tratar da formação de recursos humanos para o setor, pois, as duas iniciativas per se não resolvem o problema existente. Os players atuantes devem ser aqueles com capacidade comprovada para que os recursos investidos sejam bem administrados tanto na área técnica quanto na financeira. É de suma importância que essa relação seja bem equacionada para podermos de fato avançar na constituição de laboratórios de pré-clínicos de nível internacional. Somado a isso, devemos também estar atentos aos estudos in vitro, parte fundamental dos estudos pré-clínicos e que faz parte do portfólio das big pharma. Além de ético, esses processos têm se mostrado fundamentais na desoneração do processo de obtenção de um novo medicamento. Assim, a junção de estudos in vivo e in vitro de reconhecimento internacional será preponderante para alçarmos o Brasil a um importante player do cenário farmacêutico mundial.

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  20. Cumprimento e parabenizo o coordenador Henry Suzuki e o 4o ENIfarMed pela realização da MR e do evento, respectivamente. Há de ser registrado sua relevância para a aproximação dos atores envolvidos na inovação em fármacos no País, a saber: empresas e ICT's. É notório que a atividade de pesquisa científica essencial à inovação em fármacos e medicamentos está situada nos ICT's, majoritariamente em nosso País, diferindo de outros centros economocamente mais avançados e com tradição na invenção/descoberta de fármacos e medicamentos. O setor farmacêutico no Brasil precisa se organizar de todas as formas possíveis para assumir o papel de autêntico player internacional, a altura do importante mercado que temos e correspondendo às expectativas e responsabilidades para com a população brasileira. Nesta ótica, todas as iniciativas resultantes em avanços do setor, me serão dignas de aplausos.

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  21. Cumprimentamos os organizadores do ENIFARMED pelo evento. O Brasil indubitavelmente deverá desenvolver nos próximos anos a prestação de serviços em ensaios pré-clínicos, tão importante para a indústria farmacêutica, de cosméticos, etc. Nesse cenário, constata-se que um dos entraves é a falta de profissionais preparados para realizarem estes ensaios. A Associação Latinoamericana de Patologia Toxicológica, ALAPT, fundada em 2005 pelo Prof. Dr. João Lauro Viana de Camargo e membro oficial da International Federation of Toxicologic Pathology ( IFSTP) tem como missão congregar os profissionais interessados em patologia toxicológica e proporcionar-lhes treinamento, formação continuada e atualização. A ALAPT também vai trabalhar para a certificação desses profissionais. Já foram realizados 3 simpósios no Brasil para divulgar esta área de atuação. Em breve será oferecido curso de especialização em Patologia Toxicológica, o que contribuirá certamente para a formação de recursos humanos para atuarem na indústria e academia. No dia 18 de outubro, ocorrerá a I Jornada de Patologia Toxicológica a ALAPT, na Faculdade de Medicina de Botucatu. O evento contará com renomados palestrantes dos Estados Unidos, Japão e Canadá. O programa completo poderá ser conferido no website http://www.alaptox.org .

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  22. Comentários postados pelo Moderador, a pedido de Elisa Rosa dos Santos (Inmetro)


    "Como foi esclarecido no Painel B1 do 4° ENIFarMed, o Brasil se encontra em fase de adesão plena aos atos da OCDE para o Sistema de Aceitação Mútua de Dados (MAD-Mutual Acceptance of Data), significando que os dados gerados em conformidade aos princípios das Boas Práticas de Laboratório (BPL) no país serão aceitos para fins de registro por todos os membros da OECD. O programa de monitoramento dos laboratórios em conformidade aos Princípios das BPL adotadas pela Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro) foi avaliado em novembro de 2009 por representantes de países da OECD e espera-se que o seu Conselho, tendo em vista o parecer da avaliação extremamente favorável, convide o Brasil a se tornar um membro pleno dos Atos do Conselho da OECD para o MAD. Cabe ressaltar, no entanto, como também foi esclarecido no Painel B1, que a adesão plena ao Atos do Conselho da OECD para Aceitação Mútua de Dados hoje só se aplica às categorias de itens de teste "Agrotóxicos, seus componentes e afins" e "Produtos químicos industriais".

    Para que a aceitação mútua de dados se aplique à categoria de fármacos e medicamentos ainda é necessário, entre outras medidas, que os órgãos regulamentadores estabeleçam que os testes realizados para fins de registros sejam conduzidos em laboratórios que tenham a conformidade aos princípios das boas práticas de laboratório-BPL reconhecida pela coordenação de acreditação de laboratórios-Cgcre do Inmetro.

    A Cgcre/Inmetro é Autoridade Brasileira de Monitoramento da Conformidade aos Princípios das BPL, conforme estabelecido na Portaria Inmetro nº 220 de 23 de julho de 2009, reconhecendo instalações de teste que realizam estudos/testes visando avaliação do risco ambiental e saúde humana para registro de produtos agrotóxicos, produtos químicos industriais e outras substâncias químicas. Mais informações sobre o reconhecimento BPL podem ser encontradas em http://www.inmetro.gov.br/monitoramento_BPL/"

    Elisa Rosa dos Santos
    Bióloga
    Divisão de Acreditação de Laboratório
    Dicla/Cgre/Inmetro

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  23. Acredito que o cenário para o desenvolvimento de ensaios pré-clínicos no Brasil esteja altamente favorável. A ANVISA, como agência regulamentadora responsável pela avaliação de fármacos/medicamentos, poderia reforçar esse ciclo estabelecendo parceria com o INMETRO para reconhecer laboratórios que trabalhem em Boas Práticas de Laboratório. Exigindo maior qualidade nos estudos, todos os envolvidos: governo, indústria e laboratórios poderiam adquirir uma maior experiência no desenvolvimento e interpretação de ensaios pré- clínicos.
    Acredito que esse seja o caminho para formar uma massa crítica no Brasil: trabalhar seguindo padrões internacionais. Não adianta querer “reinventar a roda“. Também acho que não podemos esperar a ANVISA sem qualquer pró-atividade.
    Minha sugestão seria organizar um grupo congregando indústrias e laboratórios para forçar o diálogo junto à ANVISA no sentido de realizar as alterações necessárias no guia de pré-clínicos recentemente publicado e conseguir uma portaria para delegar ao INMETRO o reconhecimento de laboratórios para estudos pré-clínicos.
    A continuidade dos trabalhos do CONCEA (Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animais) iniciados com a “Lei Arouca“ em 2008 é também da extrema importância para a melhoria dos laboratórios e instalações de teste e pode contribuir para mudança de patamar do Brasil nesse cenário.

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  24. Cynthia Pestana - Tecam Laboratórios

    O laboratório Tecam é um laboratório reconhecido pelo INMETRO em Boas Práticas de Laboratório e pela Unidade de Monitoramento da Suiça na área de Toxicologia.

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